Durantes os encontros para a produção dos textos coletivos foram produzidos cartazes pelas turmas do prof.: Giovani. de Língua Portuguesa. Estes cartazes foram fundamentais para a discussão e ficaram lindos. agora estão expostos na nossa escola para a reflexão e admiração de todos. Parabéns ao prof.: Giovani e a todos que contribuíram e participaram. Segue as fotos.
quarta-feira, 22 de julho de 2015
NOSSA FESTA JULINA
Como sempre e com muita animação tivemos a nossa festa junina. Foi muito animado como sempre. os alunos vieram muito animados e o clima de diversão se instalou. Até os professores arriscaram algumas danças. As crianças que vieram com seus responsáveis também se divertiram bastante. Todo mundo saiu feliz e com a barriga cheia, claro!!!
Segue algumas fotos...
Segue algumas fotos...
O TEXTO COLETIVO ESTÁ PRONTO!!!
Depois da participação de todos e de muito trabalho o nosso texto está pronto. Finalmente! E ficou lindo! Podemos ver a opinião e as palavras de todos. Parabéns a nossa equipe e aos nossos alunos. Juntos estamos construindo um espaço contra a violência e enfrentando tudo com muita alegria e muita paz.
Texto Coletivo produzido pelos alunos do PEJA Eurico Salles
Leia o texto abaixo!
As violências que afetam a tudo e a todos
Como brasileiros que somos, sentimos orgulho de poder falar de nossa amada mãe gentil, que a todos encanta e que nos enche de prazer. Mas, queremos tratar aqui, com muita tristeza, sobre a questão de violência, seja ela racial, social, classe média, alta ou baixa. A violência nos afeta profundamente, pois sabemos que o Brasil é observado por outros países que até nos cobiçam, primeiro pelo povo que temos, ordeiro, alegre, espontâneo; e também pelas inúmeras belezas que nos foram dadas por Deus, tais como, lindas praias, pontos turísticos e alguns monumentos conhecidos mundialmente entre outras maravilhas.
O Brasil adotou o regime da democracia, mas parece que o povo não se preparou para isso. A liberdade conquistada ajudou a alguns, mas a outros não atingiu da forma esperada; pois o desrespeito e os abusos fizeram com que muitos se sentissem “donos da verdade”, na base do ‘tudo posso, tudo quero'. Essa condição permitiu que se criassem aspectos de violência na nossa sociedade, de uma forma epidêmica e muito real.
A violência no Brasil cresce de forma acelerada e sem controle. A falta de amor está se tornando um dos motivos principais para isso acontecer. A desigualdade social nos atinge brutalmente. Como pode o governo reduzir o salário mínimo para tentar conter uma crise que foi provocada por ele mesmo? Como diminuir o que já é tão pequeno?
O Bullying tem causado horror nas famílias. Um caso conhecido por nós é o de uma criança de 12 anos que, por sofrer bullying, encontra-se doente, internado, com alta taxa de glicose.. Citamos ainda, como outro exemplo, a violência ocorrida no dia 7 de abril de 2011, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, onde crianças foram assassinadas cruelmente por um rapaz que havia sofrido bullying nessa mesma escola. Cometeu o ato de violência numa tentativa de vingar-se do trauma sofrido no passado. Vejam os senhores até que ponto a violência chegou: Não existe Educação quando o ator principal é maltratado. Todo professor merece respeito.
Mais um caso de violência no ano de 2008 foi a morte de Isabele Nardone, de apenas cinco anos de idade. Essa criança foi assassinada por seu próprio pai, e jogada do 7º andar onde morava.
O preconceito racial é uma das violências que mais atinge não só o Brasil, mas o mundo todo. Atualmente, esse preconceito é uma das violências que mais afetam o cidadão, pois só porque alguns têm a pele mais escura, outros já veem motivo para não se integrar ao grupo de pessoas de pele branca (e vice-versa).
Outro caso é o da intolerância religiosa, um dos casos que - provavelmente - mais entristece o coração de Deus. Pois somos todos sua imagem e semelhança. Mas, muitos de nós pensam diferente até hoje.
Vidas importantes estão sendo arrebatadas covardemente, famílias se destruindo, o desrespeito para com o próximo, o ser humano não aguenta mais ver um país onde alguns poucos desfrutam de mordomias, enquanto muitos morrem desgastados pelo ódio e a frieza dos covardes, que vêm acabando com os nossos irmãos. Seja no campo, na cidade ou nas periferias, o assunto é o mesmo: nos tiraram a liberdade, o direito de ir e vir.
Olhem para o céu, senhores governantes, e deem graças a Deus por sermos um povo pacífico; ainda que sofrido e esquecido por vocês, mas amados por um ser maior que é Deus. A nossa liberdade não tem mais o horizonte, porque o país está triste, as famílias não mais se entendem, os trabalhadores em sua maioria vivem de maneira desordenada e confusa; os médicos, professores e bombeiros, e tantos outros, que são pessoas que resgatam vidas, estão quase vivendo na miséria, muitos deles só não deixam a profissão por amor ao que fazem; enquanto as leis, que eram para nos proteger, estão caducas, abrindo brechas para os covardes e os corruptos poderem lançar sua semente do mal.
E como enfrentar essas violências todas? O que podemos fazer enquanto cidadãos?
Primeiramente, podemos - e devemos - reagir dentro de nossa casa, vivendo em amor e respeito. Devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Porque amor gera amor, e violência gera violência. Começar a educação dentro da própria família, dentro de casa primeiro, pois princípios morais devem ser a base. Além do ambiente familiar, podemos nos organizar enquanto alunos, para evitar tanta dor, tanto sofrimento. Podemos nos ajudar uns aos outros e fazer um PEJA melhor, mais igualitário e respeitoso; propagando a paz e a mudança através da educação.
Por essas razões, meu povo, não deixe o que é belo ser destruído. O momento chegou, agora é a hora de a nação se unir, em uma corrente de amor, fazendo uma análise profunda de tudo o que ainda assola; pôr a mão na consciência e fazer uma reflexão do que melhor cada um pode dar, com o quê cada um pode contribuir melhor.
Eu quero ver meus filhos “de cuca legal”, não essas mentes cansadas e arcaicas que assolam a nação. Eu não quero ficar no anonimato dos esquecidos, dos abandonados. Eu quero ser eu. Eu quero acordar desse pesadelo e ver um Basil melhor, mais justo, trabalhador e competitivo.
E poder dizer de novo, ó mãe amada e abençoada do nosso imenso Brasil, que acolha seus filhos em berços esplêndidos, despertando esse país para a realidade! Fora a violência!
Com certeza, se semearmos paz, o Brasil dará um grandioso passo em direção ao progresso.
Texto Coletivo produzido pelos alunos do PEJA Eurico Salles
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Confecção do texto coletivo
Boa noite!
Nestas últimas aulas nos dedicamos muito a confecção do texto coletivo sobre as violências que nos afetam. Cada turma pode dar a sua contribuição e ser ouvido. Segue algumas fotos dos nossos encontros. E na próxima postagem você irá ver o texto coletivo já finalizado. Está ficando muito caprichado!
terça-feira, 14 de julho de 2015
CARTAZES PARA CONFECÇÃO DO TEXTO COLETIVO
Boa noite, colegas que acompanham nosso blog. Nesta semana estamos com representantes de cada turma para confecção de um texto coletivo que represente a voz de todos da nossa escola. O prof. Giovani, de português, confeccionou cartazes com suas turmas e agora estes serão expostos pela escola pra que todos reflitam sobre quais as violências que nos afetam e as que mais nos cercam.
Uma das contribuições importantes que foram ditas em sala de aula foi que, para se fazer este trabalho, infelizmente, não houve dificuldade nenhuma de se encontrar material impresso pois todos os dias os jornais estão cheios de notícias como estas. Infelizmente!
Mas para nossa alegria estamos virando o jogo, pois o conhecimento é um das armas de combate contra as violências e o preconceito. Segue fotos do Prof. Giovani lendo e usando este material pra fomentar a escrita do texto coletivo.
Até a próxima e continue acompanhando!
segunda-feira, 13 de julho de 2015
CURTAS USADOS NA I SEMANA DE CURTAS DO PEJA DA EURICO
Boa noite!
Segue abaixo todos os curtas usados nas discussões sobre violência no PEJA da Eurico. Vale a pena ver ... os links são do youtube, logo... pode usar a vontade.
Segue abaixo todos os curtas usados nas discussões sobre violência no PEJA da Eurico. Vale a pena ver ... os links são do youtube, logo... pode usar a vontade.
Curta INCLUSÃO. Tema: inclusão, exclusão, diversidades, diferenças...
Curta A RODA. Tema: Violência, uso de drogas, tráfico, roubo.
Curta CÔMODO. Temas: Violência, morte, armas.
Curta DONA CRISTINA PERDEU A MEMÓRIA. Tema: Conflito de gerações, respeito,
Curta PAX. Tema: Intolerância Religiosa,
Curta UMA MULHER EM FRENTE AO ESPELHO. Tema: Vaidade, moda, ditadura da moda, fazer mal a si mesmo.
Curta A PONTE. Tema: Respeito, tolerância, ceder.
Curta BULLY. Tema: Bullying, perturbar o outro, subestimar o outro.
Curta QUE PAPO É ESSE BULLYING. Tema: Bullying
Curta O PRECONCEITO CEGA. Tema: Preconceito Racial
Curta DO THE EVOLUTION do PEARL JAM. Tema: Evolução, humanidade, violência com os outros.
Curta PRECONCEITO NO ELEVADOR. Tema: Preconceito racial.
Curta TOLERÂNCIA. Tema: Intolerância, agressão...
INSPIRAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO DO TEXTO
Para a construção do texto coletivo proposto, o prof.: Giovani de Português das turmas do PEJA Bloco 2 usou o texto A doida de carlos Drummond de Andrade. Você conhece este texto. É perfeito para a nossa proposta. Leia e inspire-se!
A doida
(Carlos Drummond de Andrade
In:
Contos de Aprendiz.)
A doida habitava um chalé
no centro do jardim maltratado. E a rua
descia para o córrego, onde os meninos costumavam banhar-se. Era só aquele
chalezinho, à esquerda, entre o barranco e um chão abandonado; à direita, o
muro de um grande quintal. E na rua, tornada maior pelo silêncio, o burro
pastava. Rua cheia de capim, pedras soltas, num declive áspero. Onde estava o
fiscal, que não mandava capiná-la?
Os três garotos desceram
manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho. Só com essa intenção. Mas era
bom passar pela casa da doida e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era
horroroso, poucos pecados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade,
porque eles não gozam dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoados.
Não explicavam bem quais fossem esses benefícios, ou explicavam demais, e
restava a impressão de que eram todos privilégios de gente adulta, como fazer
visitas, receber cartas, entrar para irmandade. E isso não comovia ninguém. A
loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se inclinados a
lapidar a doida, isolada e agreste no seu jardim.
Como era mesmo a cara da
doida, poucos poderiam dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo inteiro, como
as outras pessoas, conversando na calma. Só o busto, recortado, numa das
janelas da frente, as mãos magras, ameaçando. Os cabelos, brancos e
desgrenhados. E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca.
Eram palavras da Bíblia misturadas a
termos populares, dos quais alguns pareciam escabrosos, e todos fortíssimos na
sua cólera.
Sabia-se confusamente que
a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto (contava mais de 60
anos, e loucura e idade, juntas, lhe lavravam o corpo). Corria, com variantes,
a história de que fora noiva de um fazendeiro, e o casamento, uma festa
estrondosa; mas na própria noite de núpcias o homem a repudiara, Deus sabe por
que razão. O marido ergueu-se terrível e empurrou-a, no calor do bate-boca; ela
rolou escada abaixo, foi quebrando ossos, arrebentando-se. Os dois nunca mais
se viram. Já outros contavam que o pai, não o marido, a expulsara, e
esclareciam que certa manhã o velho sentira um amargo diferente no café, ele
que tinha dinheiro grosso e estava custando a morrer – mas nos racontos antigos
abusava-se de veneno. De qualquer modo, as pessoas grandes não contavam a história
direito, e os meninos deformavam o conto. Repudiada por todos, ela se fechou
naquele chalé do caminho do córrego, e acabou perdendo o juízo. Perdera antes todas
as relações. Ninguém tinha ânimo de visitá-la. O padeiro mal jogava o pão na
caixa de madeira, à entrada, e eclipsava-se. Diziam que nessa caixa uns primos
generosos mandavam pôr, à noite, provisões e roupas, embora oficialmente a ruptura
com a família se mantivesse inalterável. Às vezes uma preta velha arriscava-se
a entrar, com seu cachimbo e sua paciência educada no cativeiro, e lá ficava
dois ou três meses, cozinhando. Por fim a doida enxotava-a. E, afinal,
empregada nenhuma queria servi-la. Ir viver com a doida, pedir a bênção à doida,
jantar em casa da doida, passou a ser, na cidade, expressões de castigo e
símbolos de irrisão.
Vinte anos de tal existência,
e a legenda está feita. Quarenta, e não há mudá-la. O sentimento de que a doida
carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave, uma coisa
aberrante, instalou-se no espírito das crianças. E assim, gerações sucessivas
de moleques passavam pela porta, fixavam cuidadosamente a vidraça e lascavam
uma pedra. A princípio, como justa penalidade. Depois, por prazer. Finalmente,
e já havia muito tempo, por hábito. Como a doida respondesse sempre furiosa,
criara-se na mente infantil a idéia de um equilíbrio por compensação, que
afogava o remorso.
Em vão os pais censuravam
tal procedimento. Quando meninos, os pais daqueles três tinham feito o mesmo,
com relação à mesma doida, ou a outras. Pessoas sensíveis lamentavam o fato,
sugeriam que se desse um jeito para internar a doida. Mas como? O hospício era
longe, os parentes não se interessavam. E daí – explicava-se ao forasteiro que
porventura estranhasse a situação – toda cidade tem seus doidos; quase que toda
família os tem. Quando se tornam ferozes, são trancados no sótão; fora disto,
circulam pacificamente pelas ruas, se querem fazê-lo, ou não, se preferem ficar
em casa. E doido é quem Deus quis que ficasse doido... Respeitemos sua vontade.
Não há remédio para loucura; nunca nenhum doido se curou, que a cidade
soubesse; e a cidade sabe bastante, ao passo que livros mentem.
Os três verificaram que
quase não dava mais gosto apedrejar a casa. As vidraças partidas não se
recompunham mais. A pedra batia no caixilho ou ia aninhar-se lá dentro, para
voltar com palavras iradas. Ainda haveria louça por destruir, espelho, vaso
intato? Em todo caso, o mais velho comandou, e os outros obedeceram na forma do
sagrado costume. Pegaram calhaus lisos, de ferro, tomaram posição. Cada um
jogaria por sua vez, com intervalos para observar o resultado. O chefe
reservou-se um objetivo ambicioso: a chaminé.
O projétil bateu no
canudo de folha-de-flandres enegrecido – blem – e veio espatifar uma telha, com
estrondo. Um bem-te-vi assustado fugiu da mangueira próxima. A doida, porém,
parecia não ter percebido a agressão, a casa não reagia. Então o do meio vibrou
um golpe na primeira janela. Bam! Tinha atingido uma lata, e a onda de som
propagou-se lá dentro; o menino sentiu-se recompensado. Esperaram um pouco,
para ouvir os gritos. As paredes descascadas, sob as trepadeiras e a hera da
grade, as janelas abertas e vazias, o jardim de cravo e mato, era tudo a mesma
paz.
Aí o terceiro do grupo,
em seus 11 anos, sentiu-se cheio de coragem e resolveu invadir o jardim. Não só
podia atirar mais de perto na outra janela, como até, praticar outras e maiores
façanhas. Os companheiros, desapontados com a falta do espetáculo cotidiano,
não, queriam segui-lo. E o chefe, fazendo valer sua autoridade, tinha pressa em
chegar ao campo.
O garoto empurrou o portão: abriu-se.
Então, não vivia trancado? ...E ninguém ainda fizera a experiência. Era o
primeiro a penetrar no jardim, e pisava firme, posto que cauteloso. Os amigos
chamavam-no, impacientes. Mas entrar em terreno proibido é tão excitante que o
apelo perdia toda a significação. Pisar um chão pela primeira vez; e chão
inimigo. Curioso como o jardim se parecia com qualquer um; apenas era mais selvagem,
e o melão-de-são-caetano se enredava entre as violetas, as roseiras pediam
poda, o canteiro de cravinas afogava-se em erva. Lá estava, quentando sol, a
mesma lagartixa de todos os jardins, cabecinha móbil e suspicaz. O menino
pensou primeiro em matar a lagartixa e depois em atacar a janela. Chegou perto
do animal, que correu. Na perseguição, foi parar rente do chalé, junto à
cancelinha azul (tinha sido azul) que fechava a varanda da frente. Era um ponto
que não se via da rua, coberto como estava pela massa de folha gemo A cancela
apodrecera, o soalho da varanda tinha buracos, a parede, outrora pintada de
rosa e azul, abria-se em reboco, e no chão uma farinha de caliça denunciava o
estrago das pedras, que a louca desistira de reparar.
A lagartixa salvara-se,
metida em recantos só dela sabidos, e o garoto galgou os dois degraus, empurrou
cancela, entrou. Tinha a pedra na mão, mas já não era necessária; jogou-a fora.
Tudo tão fácil, que até ia perdendo o senso da precaução. Recuou um pouco e olhou
para a rua: os companheiros tinham sumido. Ou estavam mesmo com muita pressa,
ou queriam ver até aonde iria a coragem dele, sozinho em casa da doida. Tomar café
com a doida. Jantar em casa da doida. Mas estaria a doida?
A princípio não
distinguiu bem, debruçado à janela, a matéria confusa do interior. Os olhos
estavam cheios de claridade, mas afinal se acomodaram, e viu a sala,
completamente vazia e esburacada, com um corredorzinho no fundo, e no fundo do
corredorzinho uma caçarola no chão, e a pedra que o companheiro jogará.
Passou a outra janela e
viu o mesmo abandono, a mesma nudez. Mas aquele quarto dava para outro cômodo,
com a porta cerrada. Atrás da porta devia estar a doida, que inexplicavelmente
não se mexia, para enfrentar o inimigo. E o menino saltou o peitoril, pisou
indagador no soalho gretado, que cedia.
A porta dos fundos cedeu
igualmente à pressão leve, entreabrindo-se numa faixa estreita que mal dava passagem
a um corpo magro.
No outro cômodo a
penumbra era mais espessa parecia muito povoada. Difícil identificar imediatamente
as formas que ali se acumulavam. O tato descobriu uma coisa redonda e lisa, a
curva de uma cantoneira. O fio de luz coado do jardim acusou a presença de
vidros e espelhos. Seguramente cadeiras. Sobre uma mesa grande pairavam um
amplo guarda-comida, uma mesinha de toalete mais algumas cadeiras empilhadas,
um abajur de renda e várias caixas de papelão. Encostado à mesa, um piano
também soterrado sob a pilha de embrulhos e caixas. Seguia-se um guarda-roupa
de proporções majestosas, tendo ao alto dois quadros virados para a parede, um
baú e mais pacotes. Junto à única janela, olhando para o morro, e tapando pela
metade a cortina que a obscurecia, outro armário. Os móveis enganchavam-se uns
nos outros, subiam ao teto. A casa tinha se espremido ali, fugindo à
perseguição de 40 anos.
O menino foi abrindo
caminho entre pernas e braços de móveis, contorna aqui, esbarra mais adiante. O
quarto era pequeno e cabia tanta coisa.
Atrás da massa do piano,
encurralada a um canto, estava a cama. E nela, busto soerguido, a doida esticava
o rosto para a frente, na investigação do rumor insólito.
Não adiantava ao menino
querer fugir ou esconder-se. E ele estava determinado a conhecer tudo daquela
casa. De resto, a doida não deu nenhum sinal de guerra. Apenas levantou as mãos
à altura dos olhos, como para protegê-los de uma pedrada.
Ele encarava-a, com
interesse. Era simplesmente uma velha, jogada num catre preto de solteiro,
atrás de uma barricada de móveis. E que pequenininha! O corpo sob a coberta
formava uma elevação minúscula. Miúda, escura, desse sujo que o tempo deposita
na pele, manchando-a. E parecia ter medo.
Mas os dedos desceram um
pouco, e os pequenos olhos amarelados encararam por sua vez o intruso com atenção
voraz, desceram às suas mãos vazias, tornaram a subir ao rosto infantil.
A criança sorriu, de
desaponto, sem saber o que fizesse.
Então a doida ergueu-se
um pouco mais, firmando-se nos cotovelos. A boca remexeu, deixou passar um som
vago e tímido.
Como a criança não se
movesse, o som indistinto se esboçou outra vez.
Ele teve a impressão de
que não era xingamento, parecia antes um chamado. Sentiu-se atraído para a
doida, e todo desejo de maltratá-la se dissipou. Era um apelo, sim, e os dedos,
movendo-se canhestramente, o confirmavam.
O menino aproximou-se, e
o mesmo jeito da boca insistia em soltar a mesma palavra curta, que entretanto
não tomava forma. Ou seria um bater automático de queixo, produzindo um som sem
qualquer significação?
Talvez pedisse água. A
moringa estava no criado - mudo, entre vidros e papéis. Ele encheu o copo pela
metade, estendeu-o. A doida parecia aprovar com a cabeça, e suas mãos queriam
segurar sozinhas, mas foi preciso que o menino a ajudasse a beber.
Fazia tudo naturalmente,
e nem se lembrava mais por que entrara ali, nem conservava qualquer espécie de
aversão pela doida. A própria idéia de doida desaparecera. Havia no quarto uma
velha com sede, e que talvez estivesse morrendo.
Nunca vira ninguém
morrer, os pais o afastavam se havia em casa um agonizante. Mas deve ser assim
que as pessoas morrem.
Um sentimento de
responsabilidade apoderou-se dele. Desajeitadamente, procurou fazer com que a
cabeça repousasse sobre o travesseiro. Os músculos rígidos da mulher não o
ajudavam. Teve que abraçar-lhe os ombros – com repugnância – e conseguiu,
afinal, deitá-la em posição suave.
Mas a boca deixava passar
ainda o mesmo ruído obscuro, que fazia crescer as veias do pescoço,
inutilmente. Água não podia ser, talvez remédio...
Passou-lhe um a um, diante dos olhos,
os frasquinhos do criado-mudo. Sem receber qualquer sinal de aquiescência.
Ficou perplexo, irresoluto. Seria caso talvez de chamar alguém, avisar o
farmacêutico mais próximo, ou ir à procura do médico, que morava longe. Mas
hesitava em deixar a mulher sozinha na casa aberta e exposta a pedradas. E
tinha medo de que ela morresse em completo abandono, como ninguém no mundo deve
morrer, e isso ele sabia que não apenas porque sua mãe o repetisse sempre,
senão também porque muitas vezes, acordando no escuro, ficara gelado por não
sentir o calor do corpo do irmão e seu bafo protetor.
Foi
tropeçando nos móveis, arrastou com esforço o pesado armário da janela,
desembaraçou a cortina, e a luz invadiu o depósito onde a mulher morria. Com o
ar fino veio uma decisão. Não deixaria a mulher para chamar ninguém. Sabia que
não poderia fazer nada para ajudá-la, a não ser sentar-se à beira da cama,
pegar-lhe nas mãos e esperar o que ia acontecer.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
4º DIA DE CURTAS
No nosso quarto e último dia de curtas na Eurico Salles sobre o tema: as violências que afetam a tudo e a todos conversamos e exploramos a violência da moda, a violência que fazemos a nós mesmos, o bullying, a falta de respeito e o conflito de gerações. O PEJA é um ambiente que agrupa alunos novos na sua adolescência e alunos mais idosos. E se faz muito necessário estabelecer um clima de convivência saudável entre todos nós. Antes dos curtas no auditório os alunos foram convidados a ir a sala de leitura para fazer uso do espaço, procurar por leituras interessantes e pertinentes sobre o tema. Logo, fomo pro auditório ver os últimos curtas da semana. Fotos abaixo.
E também comentamos sobre personagens que lutam contra a violência, contra a pobreza, a miséria e são agentes de transformação na sua realidade. Cada um de nós pode ser um agente assim. Nosso personagem foi DOM HÉLDER CÂMARA... Quem ele é? Isso é assunto para outro dia... mas terminamos hoje com uma linda frase dele.
Comente! Dê sua opinião! Boa Noite!
3º DIA DA SEMANA DE CURTAS
No nosso terceiro dia de curtas o auditório também estava bem representado. E um dos temas abordados foi a intolerância religiosa. Como era de se esperar muitos pontos de vista foram levantados e ... no final ... no clima de compreensão sempre levantamos a bandeira do respeito.
Segue abaixo as nossas fotos!
Gostou? Então comente!!!
2º DIA DA SEMANA DE CURTAS
Na terça-feira, dia 7 de junho, foi nosso segundo dia de curtas-metragens na escola. Dentre outros temas abordados, discutimos a inclusão e a não aceitação de pessoas diferentes de nós. O auditório estava lotado e os alunos participaram dando as suas contribuições. Segue as fotos do segundo dia.


A próxima foto mostra a professora Sônia trabalhando com seus alunos uma produção de texto sobre os temas aborados. E você? diga pra nós qual é a violência que mais te afeta?
Esta última foto é um cartaz que está na porta do nosso auditório. Tudo a ver com o tema, não é? Pois é ... mas acho que o cartaz não teve a mesma sorte.
1° DIA DA SEMANA DE CURTAS
Boa noite!
Esta semana tivemos a nossa primeira semana de curtas metragem. O tema foi: as violências que afetam a tudo e a todos no PEJA. E confesso que as discussões foram muito interessantes. Todos os dias foram passados curtas-metragens que abordaram vários temas envolvendo problemas que afetam as nossas vidas. O primeiro dia de CURTAS foi na sala do professor Thiago e veja... LOTAMOS!!! Alunos em peso na escola!
Neste dia um dos temas discutidos foi a intolerância e como esta afeta a cada um de nós. Após os filmes eram feitas discussões sobre os temas e depois cada um ia pra sua sala de aula pra ampliar as discussões dentro do tema, produzir e aprender. Veja as fotos da aula do Prof.: Ricardo ensinando a ler e confeccionar gráficos.
O dia foi bem proveitoso. Venha se juntar ao nosso PEJA!
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